O desafio metodológico é realizar um estudo amostral, probabilístico, estratificado a partir da representação funcional do Banco do Brasil por Unidade da Federação, podendo ainda ser definido em termos de gênero, faixa etária, tempo de banco, entre outras variáveis de partida. A técnica é uma enquete online (web survey), através da aplicação de um instrumento semiestruturado, em rede, disseminado através de estratégias de comunicação que contam com a estrutura administrativa e política da ANABB, parceiros (entidades sindicais e associativas), lideranças em atividade, e aposentados do Banco do Brasil.
Nos últimos anos, em paralelo à rápida expansão no número de usuários de internet no mundo, a pesquisa social quantitativa foi revolucionada pelo advento de tecnologias variadas, em particular os surveys por e-mail, os surveys web-based e os online surveys (EVANS & MATHUR, 2005. p.195). Essas novas técnicas de survey podem alterar várias das práticas do survey tradicional. Pode-se ambicionar alcançar não uma amostra reduzida da população, mas a maior parte dela, em cada um dos segmentos desejados, por exemplo. Nessa metodologia, o conjunto da população é convidado a participar da pesquisa (por carta, e-mail, redes sociais, páginas na internet ou notícias em veículos de circulação ampla ou dirigida), alimentando suas respostas em questionário disponível via internet, preenchido pelo próprio respondente.
As respostas são processadas em tempo real, por softwares especializados, e podem ser analisadas a qualquer momento, com todas as clivagens e cruzamentos desejados. Se necessário, podem ser adotadas ações de comunicação direcionadas a segmentos específicos do público, reforçando o convite para participação na pesquisa, de modo a corrigir eventuais distorções na escala das respostas obtidas em cada segmento. Após a conclusão da coleta, a metodologia demanda, contudo, uma etapa de saneamento da base de dados, com a conferência da consistência das respostas e a identificação de eventuais fraudes, assim como a eliminação de respostas incompletas ao questionário.
Tais instrumentos têm várias vantagens, quando comparados aos surveys tradicionais por amostragem – a começar pelo fato de que a parcela de pessoas com acesso à internet e à manipulação de tecnologias relativamente fáceis e acessíveis ao grande público tem crescido (WRIGHT, 2005). Os principais pontos fortes são:
a) a possibilidade de amplo alcance do público (quando necessário, em escala global); mesmo em pesquisas com públicos específicos, pode-se alcançar com certa facilidade respondentes dispersos em territórios muito distantes (dentro de um mesmo estado, em vários estados ou em vários países); os online surveys permitem até o alcance de populações e grupos de difícil acesso (WRIGHT, 2005).
b) o custo mais baixo, já que as principais despesas de um survey convencional referem-se à equipe que coleta os dados por telefone; nos websurveys, esse custo não existe, já que é o próprio pesquisado quem preenche as respostas ao questionário; em contrapartida, no websurvey os custos com conferência das respostas são maiores, já que é preciso, em alguns casos, revisar inteiramente a base de dados, em busca de erros ou eventuais fraudes (FRICKER, 2002, p.347);
c) a flexibilidade da metodologia, que permite variadas modulações dos instrumentos e das estratégias de coleta e análise dos dados; a velocidade tanto na aplicação dos questionários, que podem ser colhidos em poucos dias (quando necessário), quanto na geração do relatório de pesquisa, imediatamente após o saneamento da base de dados; e o caráter de oportunidade da metodologia, que pode ser mobilizada rapidamente para atender a demandas específicas de consulta ao público;
d) a curiosidade e o interesse, comum a vários públicos, em inovações tecnológicas, nesse caso incidindo sobre a própria estratégia de coleta de dados, favorece a realização de pesquisas desse tipo;
e) a conveniência oferecida pela metodologia, ao assegurar acesso imediato ao instrumento, que pode ser respondido no momento que o pesquisado considerar mais adequado (o preenchimento pode ser interrompido e retomado posteriormente);
f) a facilidade de análise dos dados, processados automaticamente por softwares especializados, que permitem a geração de relatórios por segmento ou por qualquer critério que se deseje investigar;
g) a possibilidade de alimentação de variados tipos de questões, combinando respostas fechadas ou abertas, com uma única opção de preenchimento ou múltiplas, com textos ou imagens, com matrizes de escolha ou ranqueamentos;
h) a facilidade de acompanhamento do andamento da coleta de dados é maior que no survey convencional, o que se desdobra em melhor controle de amostragem;
i) em pesquisas voltadas a públicos específicos, é possível combinar os dados obtidos na pesquisa a outras características do respondente já conhecidas pelo cliente ou pesquisador (EVANS; MATHUR, 2005. p.195).
Mas, como em toda metodologia de pesquisa nova, há algumas incertezas e pontos fracos. Alguns deles são:
a) os e-mails e outros instrumentos de convite para a participação na pesquisa podem ser percebidos pelo público como spams ou junk mails (o que não ocorre, evidentemente, quando o convite parte de uma pessoa ou instituição conhecida ou admirada pelo destinatário);
b) para certos tipos de público, com baixa taxa de conexão à internet, pode haver enviesamento dos resultados, se os respondentes conectados à rede tiverem perfil muito distinto dos não conectados;
c) a falta de experiência online do respondente pode afetar o preenchimento do questionário ou o entendimento das perguntas ou das opções de resposta;
d) a impessoalidade do método dificulta o esclarecimento de alguma dúvida pontual do respondente em relação às opções ou à questão; e
e) há risco de que a taxa de respostas aos convites para participação na pesquisa seja baixa (EVANS; MATHUR, 2005); e
f) contribui para as não-respostas a expectativa de longa duração do survey online: algumas pessoas não respondem a questionários por preverem que serão maçantes e longos (o que pode ser mitigado pela adoção de um questionário enxuto e pela previsão do tempo médio de resposta) (GALESIC; BOSNJAK, 2009, p.349).